Na última semana muito se tem falado sobre a sigla Inpe, mas você sabe o que isso significa?
Inpe é a sigla de Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais; é uma instituição pública federal, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Foi criado em 1961 com o objetivo de capacitar o país nas pesquisas cientificas e nas tecnologias espaciais. No entanto, ao longo dos anos, suas atividades se ampliaram e a importância dos estudos vão desde assuntos complexos sobre a origem do Universo a aplicações de ciências como nas questões de desflorestamento das nossas matas.
O Instituto é centro de excelência, e referência internacional, em pesquisas de ciências espaciais e atmosféricas, engenharia espacial, meteorologia, observação da Terra por imagens de satélite e estudos de mudanças climáticas.
Por ser uma instituição pública federal é preciso prestar concurso público para ser funcionário.
Dentre suas áreas de atuação estão:
- Ciências Espaciais e Atmosféricas
- Engenharia Espacial
- Observação da Terra
- Previsão de Tempo e Clima
- Ciência do Sistema Terrestre
- Laboratório de Integração e Testes (LIT)
- Centro de Rastreio e Controle de Satélites (CRC)
- Laboratórios Associados
No entanto, o órgão vem sofrendo repressão do governo na última semana após a divulgação de dados com aumento no desmatamento da floresta amazônica.
Segundo o órgão a devastação da floresta em julho cresceu 278% em relação ao mesmo mês de 2018.

Com os dados divulgados, a postura governamental foi de desacreditar os números, tanto por parte do Presidente da República Jair Bolsonaro, quanto do Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles.
O mesmo afirmou em debate no programa Painel exibido pela GloboNews com o ex-diretor do Inpe Ricardo Galvão, primeiro, que os números estavam sendo transmitidos pela mídia de forma manipuladora e que não estava dizendo que os números estavam incorretos e logo após entrou em contradição ao falar que os números estavam errados.
“Uma coisa que qualquer dirigente de um país tem que entender é que, quando se trata de questões científicas, não existe autoridade acima da soberania da ciência. Nem militar, nem política, nem religiosa”, defendeu Galvão.
Em seguida, Salles contrapôs: “O problema é quando a ideologia está disfarçada dentro da ciência”.
Galvão respondeu: “Isso não existe para nós, ministro”.
Ricardo Salles, anunciou ainda que o governo irá contratar uma empresa privada para monitorar o desmatamento da Amazônia.
Após a demissão do então diretor do Inpe Ricardo Galvão, o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, nomeou o militar Darcton Policarpo Damião como novo presidente interino do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ele é formado em Ciências Aeronáuticas pela Academia de Força Aérea e fez mestrado no Inpe.
Segundo o ministro, após a escolha de Damião, o passo seguinte será convocar um comitê para eleger uma lista tríplice, da qual sairá o próximo diretor efetivo do Inpe.
“Analisamos com base em três critérios: primeiro, capacidade de gestão, segundo o entendimento do Inpe, ou seja, pelo menos ter passado pelo Inpe, e terceiro, que conheça sobre as questões de desmatamento”, disse Pontes.
Com indignação, a Academia Brasileira de Ciências publicou a seguinte nota sobre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e seu presidente, o Acadêmico Ricardo Magnus Osório Galvão:
“ A Academia Brasileira de Ciências (ABC) vem novamente se manifestar em defesa da excelência do trabalho científico e tecnológico realizado pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Estamos reiterando integralmente carta encaminhada pela ABC e principais entidades representativas de ciência no país, ao Excelentíssimo Presidente da República, Sr. Jair Messias Bolsonaro, na data de 10 de julho de 2019, Of. ABC-97/2019”.
O Presidente da ABC Luiz Davidovich, ainda reiterou que o Inpe é orgulho do país, realiza trabalho de excelência e os ataques a sua credibilidade científica atacam também toda a comunidade de pesquisadores do Brasil e a soberania nacional.
Por fim, vendo um órgão de tanto prestígio sofrer retaliações em pleno Estado democrático de direito é no mínimo preocupante. Resta agora observar qual a real intenção do governo perante a demissão do diretor do Inpe e buscar soluções para acabar com o desmatamento desenfreado na floresta amazônica.